Numa tranquila noite de verão,
Enquanto caminho sem rumo,
Vejo ao longe alguém
Que caminha sem saber como.
Traz no corpo
O peso de uma noite que se mostra longa,
E no olhar
O sentimento de uma vida que se prolonga.
Caminha sem rumo, tal como eu,
Mas não busca aconselhamento na noite,
Procura por algo.
Talvez algo que perdeu,
Ou se esqueceu.
Talvez, talvez queira antes esquecer,
Uma memória que ele afasta
E teima em aparecer.
O dinheiro para a bebida acabara
E, para aquele desespero,
A solidão da noite
Fora a única coisa que sobrara.
Um olhar mórbido,
Marcado pela bebida,
Fixa fortemente a lua
Como se fosse a única saída.
Os seus lábios não se mexem,
Mas parece estar a falar.
Sente-se uma brisa noturna
Que o leva a parar.
Como se estivesse a ouvir,
A escutar.
A saborear o silencio
Que a noite tem para dar.
Pára, como se, se apercebe-se
Que tem de voltar,
Mas o corpo não ajuda
Porque se recusa a andar.
Possui uma mente,
Demasiado triste
Para poder o espírito alimentar.
E, só à custa de muito esforço,
Põe os pés a caminhar.
Procurei na noite por conselhos
E acabei por encontrar.
Se caminharmos para a solidão
Acabaremos por nos mortificar.
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